Integrado no programa oficial do Dia da Cidade de Portimão, o ICIA promove em 9 de Dezembro, às 15h00, no Café-Concerto do TEMPO- Teatro Municipal de Portimão, o lançamento do número 3 da Meridional. Revista de Estudos do Mediterrâneo. A apresentação estará a cargo de Manuel Frias Martins, professor aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Presidente da Associação Portuguesa de Críticos Literários.
A Meridional 3 conta com a colaboração de 20 autores de diferentes geografias de ambas as margens do Mediterrâneo: Portugal, Espanha, Marrocos e Israel. Usa 3 línguas: português, castelhano e francês.
Acrescenta às rubricas dos números anteriores, uma nova, o Conto. Trata-se de um conto inédito do escritor israelita Benjamin Tammuz, traduzido do hebraico por Lucia Mucznik, de grande pertinência nos tempos conturbados que assolam Israel e a Palestina.
Na secção de Poesia, António Cabrita, dá-nos a conhecer o poeta marroquino Abdellatif Laâbi, lutador pela liberdade, preso várias vezes em Marrocos, e oferece-nos alguns poemas extraídos da antologia L’arbre à poèmes. Nuno Júdice, partilha o poema “Em defesa da carta Atenagórica”, que escreveu em Zacatecas, em Junho deste ano, quando foi receber o prémio Iberoamericano Ramón López Velarde 2023, atribuído pelo Governo de Zacatecas (México). Maria João Cantinho, especialista em Walter Benjamin, dedica-lhe o poema “Crónica berlinense”, evocando a passagem do filósofo alemão por Ibiza. Luís Castro Mendes, que fizera a recensão do livro 50 Anos de poesia, de Nuno Júdice, na Meridional 2, traz-nos agora dois poemas: “Os amigos que morrem” e “Perdemos também os nossos inimigos”. Uns deixam-nos o peso da sombra, os outros aliviam-nos o peso da terra.
Nas secção Crónicas de Viagem, Lídia Jorge relata uma viagem a Nápoles num mês de Maio do início do século e o seu encantamento com a “baía azul desenhada no horizonte como se nela coubesse a síntese do Mediterrâneo inteiro”. Ana Isabel Soares fala-nos de uma sua escapadela, duas décadas, a Veneza, a Serinissima. E Maria João Cantinho narra uma viagem em Marrocos, atravessando o Alto Atlas e o deserto montada num dromedário, a caminho de Zagora.
O Dossiê Temático foca os Portos do Mediterrâneo. Começa com uma abordagem global à evolução dos portos por Pedro Prista, “Búzios mudos, maus agoiros… Uma divagação antropológica sobre portos, mar e hospitalidade”, para, em seguida, desembarcarmos em Istambul, guiados por João Ventura que tem um inaudito encontro com Walter Benjamin numa pasaji, visitarmos Sevilha, com Fernando Quiles e, finalmente, visitarmos com José Gameiro o Museu do Mediterrâneo em Marselha.
Integra a secção Estudos, um artigo de Cristina Robalo Cordeiro sobre a figura da mãe na literatura magrebina contemporânea. Seguem-se dois textos de Frederico Mendes Paula e de António Jorge Afonso sobre Alcácer Quibir, apresentando duas abordagens complementares, a primeira sobre os renegados, a segunda sobre as relações entre Portugal e Marrocos após a batalha.
A grande Entrevista, de novo conduzida por José Alberto Alegria, em francês, traz-nos a visão do antropólogo marroquino, consultor da UNESCO para o Património Imaterial da Humanidade, Ahmet Skounti, sobre a problemática da implementação dos planos de salvaguarda do património e os desafios colocados pelos efeitos catastróficos do sismo de 8 de setembro no Atlas.
A revista encerra com três recensões de livros. Um sobre um território crítico do Médio Oriente e outro sobre o Grande Mar Mediterrâneo: Líbano, Labirinto, de Alexandra Lucas Coelho, por Cláudia Lucas Cachéu; La Grande Mer. Une histoire de la Méditerranée et des Méditerranéens, de David Abulafia, por João Guerreiro; e Misericórdia de Lídia Jorge, por João B. Ventura.